Bem, os doze milhões de habitantes da região teriam que ser evacuados. Porque sem eletricidade significa sem água corrente, sem gasolina nos postos de gasolina (os tanques estão enterrados e as bombas são elétricas), supermercados (3 dias de reserva) não abastecidos, hospitais idem etc. Depois de três dias no máximo, você deve começar a viver com suas reservas, ou então ter uma base bem abastecida em algum lugar e os meios para chegar lá.
Sem telefone (as torres de celular funcionam com eletricidade), sem internet, sem TV ou rádio, exceto rádio de ondas curtas, mas quem tem rádio de ondas curtas? Digo para não entrar em pânico. Apocalipse zumbi ao vivo.
No entanto, o pior nem sempre é certo. Em vez disso, vejo um colapso econômico, menos dramático, mas com o mesmo resultado final.
A forma como o cartel da imprensa subsidiada voou em socorro de Enedis demonstrou, se necessário, o quanto o regime depende de "jornalistas de confiança" para convencer os mendigos a não se preocuparem e a obedecerem sem vacilar todas as ilusões que tomaram o poder.
As reações a um despacho da AFP publicado na terça-feira, anunciando que a Enedis interromperia o fornecimento de energia aos tanques de água quente entre 12h e 14h por seis meses, foram um forte indicador do mal-estar francês que deve preocupar muito a energia. Nunca antes os cidadãos comuns expressaram tanta desconfiança das mentiras incessantes da casta que os dirige e manipula.
A polêmica em torno dos medidores Linky foi revivida pela discreta publicação de um decreto ministerial em 22 de setembro. De acordo com algumas análises bastante rápidas, o texto permitiria à Enedis, gerente da atual rede de distribuição, "cortar sua água quente remotamente neste inverno" através dos famosos medidores Linky.
Aqui, em fotos, o que é exatamente.
Para se convencer disso, bastará ler o pequeno decreto em vigor desde sábado passado e cujo texto, redigido com toda a leveza das habituais tripas legislativas, é senão claro, pelo menos não muito suscetível de extrapolação: o seu primeiro artigo explica que 'agora será possível cortar a eletricidade à vontade por um período não superior a duas horas, entre 11h e 15h30, a critério do poder público, desculpe, quero dizer de acordo com as necessidades energéticas do patati e as tensões da rede patata.
Aqui, a ideia é sempre a mesma: os zotorités, o poder público e o governo da mãe vão multiplicar os vexames depois a volta ao normal, enfim, alternar tapas e carícias em rápida sucessão para destituir os indivíduos fazendo-os passar de um emoção negativa (medo de perder, ter frio ou fome, etc.) a uma emoção positiva (alívio de um retorno ao "normal") para torná-los emocionalmente maleáveis, prontos para aceitar diferentes perdas mais ou menos importantes de dignidade e liberdade.